7 de outubro de 2019

Para sempre, Nina

Terça-feira passada (01/10) o facebook me fez recordar que há 2 anos conheci Nina Horta em um evento que acontece anualmente em Santos, a Tarrafa Literária. O tema desse delicioso encontro de domingo à tarde: Das tripas, coração. Literatura e comida. Fui só, mas jamais hesitei dar um abraço em Nina e poder escutá-la de pertinho sobre um assunto que me enchem os olhos e o estado de espírito.
Hoje (07/10), ao abrir o instagram, me deparo com a triste notícia de sua partida. Me transportei imediatamente ao seu encontro. Nervoso, emocionado e feliz. Ficam as lembranças, seus livros e suas crônicas que abrem o apetite.


12 de fevereiro de 2018.

Nina Horta: Entre sopa e ensopado

Terminei de ler o segundo livro da Nina Horta, O frango ensopado da minha mãe (2015), com a sensação de querer mais. De querer ler mais das suas crônicas bem escritas. Também senti saudade daqueles que estavam sempre por perto e já se foram. Tudo culpa do último capítulo do livro, que pra mim foi emocionante.
Não teve jeito. A sensação de querer mais estava em grande escala. Tive que voltar alguns anos atrás. Graças aos santos sebos, consegui adquirir seu primeiro livro, o Não é sopa (1995), com suas crônicas publicadas desde 1987 pela Folha de S. Paulo. Mais atual, impossível! Nina cita tanta gente que conheci recentemente e a algum tempo, e que passei a admirá-las, que a alegria em lê-lo só aumentou. Tem crônica sobre Elizabeth David que conheci através do livro Gurus da Gastronomia (2013) de Stephen Vines; sobre a poetisa Elizabeth Bishop que conheci através do filme Flores Raras (2013) com as atrizes Glória Pires e Miranda Otto - recomendo; sobre a afetuosa Paloma Jorge Amado e seu livro A Comida Baiana de Jorge Amado (1994) que tive a honra de conhecer pessoalmente ano passado em um evento da faculdade que tinha como tema o nome de seu livro; sobre o filme A festa de Babette (1987) que descobri na faculdade - um lindo conto da escritora Karen Blixen (1885-1962) publicado em 1955. Enfim.
Sem esquecer dos citados: Câmara Cascudo, Emmanuel Bassoleil, Paul Bocuse (citado no GDG), Alain Ducasse, Paul Prudhomme, Laurent Suaudeau, Alice Waters (citada no GDG), James Beard (citado no GDG), Isabella Beeton (citada no GDG), Julia Child (citada no GDG e que amo e não era atoa que me chamavam de Julinho na faculdade), Simone Beck (Simca!), George Auguste Escoffier (citado no GDG), Marcella Hazan (que conheci através da Rita Lobo), Gaston Lenôtre, Irma Rombauer (que passei a conhecer depois do filme Julie & Julia), Marion Becker e Gilberto Freyre.

Nina é uma horta repleta de informações, histórias e referências culinárias. Como não amar?
Um breve texto para você se sentir motivada(o) e curiosa(o) em querer descobrir essa horta superbem cuidada.
E afinal, Nina, quando o 3° caldo (sopa/ensopado) estará pronto?

Jesus, quanto trocadilho bobo!

*GDG: Gurus da Gastronomia

Resposta da Nina:


Nina, que em uma outra dimensão essa farrinha possa acontecer. Agora, espere por mim.

"Reconheço uma palavra não apenas pelas imagens que ela evoca, mas por todo um complexo de sentimentos que desperta. É difícil explicar, não é uma questão de visão ou de audição, mas uma espécie de sentido geral que possuo. Geralmente experimento o gosto de uma palavra." Nina Horta.

Para sempre, Nina (1939-2019).

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